Doar faz bem à saúde
(Histórias de quem se dedica aos outros)
por Patrícia Machado
Às seis horas da manhã, o despertador toca na casa de Maria de Jesus Oliveira, 58 anos. Apesar do hábito de dormir tarde, a aposentada se esforça para sair da cama, pois tem um compromisso. Três vezes por semana, Maria vai bem cedo à casa da vizinha Andréa Neves, mãe das gêmeas Emily e Tainá, de 1 ano e meio. Nesse horário, o marido de Andréa sai para o trabalho e não há quem fique com as meninas para que a mãe possa buscar, a cerca de dez quarteirões, o leite fornecido de graça no Posto de Saúde. “É muito cedo e frio, fica difícil levar as duas”, explicou Andréa. “Eu nunca pedi para Dona Maria olhar as crianças, ela percebeu que eu precisava e se ofereceu. Ela é como um anjo para nós.” Ao ser questionada sobre por que decidiu prestar auxílio à vizinha, a resposta é simples: “Poder ajudar faz a gente se sentir bem.”
Talvez tenha sido esse mesmo sentimento de satisfação pessoal que tenha motivado um samaritano a ajudar um desconhecido, deixado à beira do caminho, quase morto, após ser roubado e espancado por salteadores. A parábola de Lucas 10:30-37 foi contada pelo próprio Cristo para ensinar sobre o amor ao próximo. Enquanto o homem estava à beira do caminho, passaram por ele um sacerdote e um levita, que deveriam viver de acordo com os mandamentos de Deus. Mas foi um samaritano, povo considerado impuro e desprezível pelos judeus, quem o acudiu e exerceu, para com ele, o amor fraterno ensinado por Jesus.
A história bíblica inspirou Maria Luísa Curti, 56 anos, a escolher o nome da instituição que mantém em um bairro rural de Araçatuba, interior de São Paulo. A Casa Bom Samaritano foi fundada há oito anos para recolher moradores de rua. Evangélica, ela acredita que o trabalho é resultado de um chamado de Deus e confessa que vê, na face de cada homem que recolhe, o rosto do primeiro marido, com quem viveu 17 anos, até que ele morreu vítima do abuso do álcool.
Desde então, Maria Luísa passou a realizar diversos trabalhos voltados aos dependentes de álcool e suas famílias, primeiro no AA (Alcoólicos Anônimos) e também na ARA (Associação de Recuperação de Alcoólatras), que fundou em 1984 e da qual é presidente de honra até hoje.
A idéia de criar um lar para moradores de rua surgiu quando começou a distribuir alimentos para andarilhos durante a noite. “Na Bíblia, o samaritano socorre o homem na estrada e leva para uma hospedaria. Foi então que eu entendi que tinha de montar uma hospedaria.” Atualmente, a Casa Bom Samaritano abriga 50 homens. Sobre si mesma, Maria Luísa disse apenas: “Vivo pelo que creio e não pelo que vejo.” E sobre os “filhos”, como chama os moradores da instituição, ela afirmou: “Só tento ensinar a eles sobre o amor de Deus e a importância de ter objetivos”.
Depois do que passou com a filha, o taxista Joel de Melo deixou de cobrar corridas aos hospitais e decidiu que teria uma ambulância para socorrer de graça qualquer um que precisasseÀs seis horas da manhã, o despertador toca na casa de Maria de Jesus Oliveira, 58 anos. Apesar do hábito de dormir tarde, a aposentada se esforça para sair da cama, pois tem um compromisso. Três vezes por semana, Maria vai bem cedo à casa da vizinha Andréa Neves, mãe das gêmeas Emily e Tainá, de 1 ano e meio. Nesse horário, o marido de Andréa sai para o trabalho e não há quem fique com as meninas para que a mãe possa buscar, a cerca de dez quarteirões, o leite fornecido de graça no Posto de Saúde. “É muito cedo e frio, fica difícil levar as duas”, explicou Andréa. “Eu nunca pedi para Dona Maria olhar as crianças, ela percebeu que eu precisava e se ofereceu. Ela é como um anjo para nós.” Ao ser questionada sobre por que decidiu prestar auxílio à vizinha, a resposta é simples: “Poder ajudar faz a gente se sentir bem.”
Talvez tenha sido esse mesmo sentimento de satisfação pessoal que tenha motivado um samaritano a ajudar um desconhecido, deixado à beira do caminho, quase morto, após ser roubado e espancado por salteadores. A parábola de Lucas 10:30-37 foi contada pelo próprio Cristo para ensinar sobre o amor ao próximo. Enquanto o homem estava à beira do caminho, passaram por ele um sacerdote e um levita, que deveriam viver de acordo com os mandamentos de Deus. Mas foi um samaritano, povo considerado impuro e desprezível pelos judeus, quem o acudiu e exerceu, para com ele, o amor fraterno ensinado por Jesus.
A história bíblica inspirou Maria Luísa Curti, 56 anos, a escolher o nome da instituição que mantém em um bairro rural de Araçatuba, interior de São Paulo. A Casa Bom Samaritano foi fundada há oito anos para recolher moradores de rua. Evangélica, ela acredita que o trabalho é resultado de um chamado de Deus e confessa que vê, na face de cada homem que recolhe, o rosto do primeiro marido, com quem viveu 17 anos, até que ele morreu vítima do abuso do álcool.
Desde então, Maria Luísa passou a realizar diversos trabalhos voltados aos dependentes de álcool e suas famílias, primeiro no AA (Alcoólicos Anônimos) e também na ARA (Associação de Recuperação de Alcoólatras), que fundou em 1984 e da qual é presidente de honra até hoje.
A idéia de criar um lar para moradores de rua surgiu quando começou a distribuir alimentos para andarilhos durante a noite. “Na Bíblia, o samaritano socorre o homem na estrada e leva para uma hospedaria. Foi então que eu entendi que tinha de montar uma hospedaria.” Atualmente, a Casa Bom Samaritano abriga 50 homens. Sobre si mesma, Maria Luísa disse apenas: “Vivo pelo que creio e não pelo que vejo.” E sobre os “filhos”, como chama os moradores da instituição, ela afirmou: “Só tento ensinar a eles sobre o amor de Deus e a importância de ter objetivos”.
Fazer algo em benefício de alguém que não poderá oferecer nada em troca. Para Joel de Melo isso é muito natural. “Um dia vamos prestar contas a Deus, e disso ninguém vai poder fugir”, ressaltou o taxista de 50 anos, também morador de Araçatuba, que afirma crer na existência de Deus, mas não seguir nenhuma religião.
Ainda segundo ele, somente Deus poderia tornar realidade o sonho que teve há 20 anos, após uma noite de muita angústia ao lado da filha. “A Taísa tinha 1 ano, estava com febre e não conseguia respirar. Estava chovendo muito, e eu liguei várias vezes pedindo uma ambulância. Na época, eu já era taxista, mas faltava álcool e não tinha como abastecer. Passei a noite toda ligando, mas o dia amanheceu sem que uma ambulância chegasse. Assim que clareou, peguei um cobertor, enrolei a menina e fui para o hospital de moto, embaixo de chuva mesmo. Ela chegou com mais de 41 graus de febre e mal conseguia respirar, estava com pneumonia. Ainda deu tempo de salvá-la, mas eu jurei que, se pudesse, nunca mais deixaria ninguém passar pelo que eu passei.”
A partir desse dia, o taxista deixou de cobrar corridas aos hospitais e decidiu que teria uma ambulância para socorrer de graça qualquer um que precisasse. “Eu economizava tudo o que podia e até o que não podia para juntar dinheiro.”
O projeto se tornou realidade em 1999, quando Melo comprou uma perua Veraneio e a equipou com maca, imobilizadores e todo o material necessário para transportar pacientes. Para prestar um bom serviço, ele já fez três cursos de primeiros-socorros e atendimento a vítimas de acidentes.
No ano passado, sua história foi divulgada em todo o país, por meio de um programa de televisão, e ele ganhou uma segunda ambulância, além de um troféu como cidadão-modelo. Hoje, utiliza os dois veículos.
O Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, especialista no atendimento de traumatismos e problemas de coluna; o Hospital do Câncer de Barretos (SP), referência no tratamento de tumores e diversos hospitais da capital paulista são os destinos para onde Melo mais viaja levando e trazendo pacientes que fazem tratamentos de longo prazo. Ele não cobra pelo trabalho. “No caso de viagens longas, às vezes, a pessoa me ajuda a pagar o combustível”, disse. A ambulância também realiza o traslado de corpos, um serviço extremamente caro quando realizado por funerárias particulares. “Já trouxe muito filho para a mãe enterrar”, lamentou ele, surpreso com o número de jovens mortos por causa da violência.
Dedicando a maior parte do tempo ao trabalho voluntário, o taxista teve a renda reduzida, mas a esposa, que é enfermeira, e os filhos Taísa, 20 anos, e Júnior, 17 anos, não se importam com as pequenas dificuldades, sempre superadas com amor e paciência. “Minha filha vai fazer enfermagem e meu menino ajuda nos atendimentos. Creio que, quando eu morrer, esse trabalho vai continuar.”
Maria Luísa Curti, acredita que seu trabalho é resultado de um chamado de Deus e confessa que vê, na face de cada pessoa que recolhe, o rosto do primeiro marido que morreu vítima do abuso do álcool
Fazer o bem e ajudar o próximo pode trazer satisfação mesmo nos momentos mais difíceis. Foi por amor a pessoas que nunca conheceu que Edna Mattos decidiu doar os órgãos do marido, após ter sido diagnosticada a morte cerebral dele, causada por um aneurisma, em junho deste ano. José Machado Filho, 48 anos, morador de Santos (SP), tinha duas filhas adotivas, três enteados e era policial militar. “Ele viveu a vida toda fazendo o bem, ajudando a todos. Saber que ele está ajudando as pessoas, mesmo depois da morte, conforta nosso coração.”
A irmã do policial, Regina Célia Machado, que também assinou a autorização para a retirada dos órgãos, afirma que um detalhe em especial encheu seu coração de paz. “Parte da pele dele foi retirada e levada para um hospital de crianças queimadas, em São Paulo. Ele amava crianças e ficaria muito feliz com isso.”
A decisão de ser um doador foi tomada por Machado Filho ainda em vida. “Ele viveu se doando para os outros e deixou bem claro que, se fosse possível, gostaria que a família doasse seus órgãos. Na mesma noite em que estávamos chorando por termos perdido meu irmão, outras famílias também choravam, mas de felicidade, ao receber a ligação que havia um órgão compatível, que seu parente ia ter uma chance de sobreviver. Isso nos fez lembrar que a vida e a morte estão nas mãos de Deus e que Ele tem seus propósitos. Isso nos fez crer que nunca é tarde demais para fazer o bem e entender que, mesmo na hora mais triste, amor ao próximo traz conforto e paz.”
Via: EDIÇÃO 86 -Ano 2008- Revista Enfoque Gospel
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